segunda-feira, 23 de maio de 2011

Aviso aos navegantes

Queridos leitores,

Vocês, que já devem estar achando que eu abandonei o barco, estou aqui para falar que NÃO, NÃO OS ABANDONEI.

De fato, já havia começado um post com outra lista de top 10 de Istambul, mas tive de interrompê-la; minha casa está em obra, o que torna o processo de achar referências impossível devido ao local incerto e insabido de todas as minhas coisas, no meio de tanta tralha; e também, eu tenho que terminar a monografia da minha pós-graduação para o final desse mês.

Essas são, então, minhas desculpas pela ausência.



Estando, tenho certeza, desse modo, perdoada por todos vocês, prometo voltar em breve com mais posts emocionantes sobre a Turquia.


Grata,

Nathalia.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Como ir de Istambul para a Capadócia


Ainda bem que tem gente que posta comentários com dúvidas aqui, e aí eu me lembro de sacudir a poeira e voltar a escrever meus posts.

Deixando Istambul de lado por ora, vou responder à pergunta da Marianne, que quer saber como chegar à Capadócia saindo de Istambul.

A passagem de avião de Istambul pra Capadócia foi a única que havíamos definido desde o começo. Ela custou em torno de 200 reais por pessoa com as taxas. As taxas aeroportuárias na Turquia são bem altas, especialmente as da Turkish. Se você achava que a Gol acabava com a sua festa na hora de comprar aquela promoção de ida e volta a 50 reais, espere chegar na Turquia. São pelo menos YTL 100 em taxas.

A viagem de avião é rápida, coisa de 1h30. Você pode descer tanto no aeroporto de Nevsehir quanto no de Kayseri. Prefira o de Nevsehir que é uma cidade mais perto de Göreme, onde ficam os pontos turísticos principais. Por outro lado, as passagens de e para Kayseri são mais baratas. De Nevsehir para Göreme são 40 km e de Kayseri para Göreme são 70 km.

Mapa da Capadócia no aeroporto de Nevsehir
(e um dos poucos taxis indo embora)

De qualquer modo, não são oferecidos muitos vôos de e para a Capadócia. Principalmente na hora de SAIR da Capadócia, é meio complicado achar vôos bons e baratos. Tinha um trecho que saía de lá às 22h pra chegar 0h em Istambul e a conexão só saía às 7h do dia seguinte! Prestem atenção nessas presepadas, porque, nesse caso, de repente vale até um busão.

As duas cias. aéreas que usamos foram a Turkish e a Pegasus (carinhosamente apelidada de FLYPIGS), que é uma cia. aérea low cost no esquema da RyanAir. Quem já voou, sabe. É questão de custo-benefício, e, no nosso caso, um sanduíche de pepino de de 6 euros era melhor do que costas entrevadas depois de 12 horas. Mesmo com um limite de bagagem de 15 kg por pessoa! 

Eu recomendo fortemente você ir de avião. De ônibus, são 730 km, 12h de busão, então, como as pessoas normalmente não passam muito tempo na Capadócia, talvez é mais interessante poupar a exaustão de uma longa viagem de ônibus e aproveitar o dia conhecendo a Capadócia.

Há ônibus noturnos que saem de Istambul acho que diariamente, custam em torno de YTL 50. Várias empresas operam o trecho, entre elas Metro Turizm and Nevşehir Seyahat (o site é em turco, lasca aí um Google Translate!).

O sistema de ônibus é bem farto, então normalmente não é necessário comprar os bilhetes com muita antecedência, a não ser em feriados nacionais e islâmicos. Basta ir até o terminal de ônibus no dia, comprar o bilhete e pegar o próximo ônibus.

Peça sempre ajuda ao seu hotel, eles sempre auxiliam com esse tipo de coisa, conseguir transporte até estações e aeroportos, ajudam a marcar assentos e reservar passagens e tudo mais.

A melhor estação para pegar o ônibus é a Harem, no lado asiático, que pode te poupar quase uma hora de viagem do que se você sair da estação principal (Büyük Otogar) em Bayrampaşa. (A maioria dos ônibus para em Harem depois de sair da estação principal para pegar mais passageiros).

No site www.goreme.com eles disponibilizam uma tabela com o preço e tempo médio de viagem em relação a Göreme.

Quem opera esse site é a agência de turismo Heritage Travel. Eles também agendam shuttles dos aeroportos diretamente pro seu hotel, que custam 10 euros por pessoa. Aconselho fortemente reservar o shuttle porque os aeroportos são pequenos e inóspitos e se você encontrar um taxi lá vai ter que sair no tapa com alguém pra pegá-lo.

Na modesta pista de pouso em Nevsehir.
Não tinha uma bola de feno rolando ali atrás?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Top 10 comidas e bebidas pra se comer na rua

Assim como quando a gente vai ao Rio, é obrigatório se tomar mate do barril de latão e comer um bixcoito grobo, e quando a gente vai a Natal é obrigatório comer umas castanhas de cajú, não poderia faltar umas comidinhas de rua típicas para quem anda na Turquia, e, mais especificamente, em Istambul.
Inspirada por uma lista do The Guide, eu fiz a minha, com itens que eu provei em sua maior parte.

Nada do que está na lista é difícil de achar, e quem for a Istambul terá, ao menos 452 chances de experimentar cada um. Se tem algo que eu não experimentei, foi porque eu dei mole ou não quis mesmo.

TOP 10 STREET FOODS AND DRINKS
(Não necessariamente nessa ordem)

1. Ayran - Trata-se de uma bebida que é uma mistura de iogurte, sal e água. Muito popular na Turquia, é tomada como acompanhamento do döner dürüm (veja abaixo), tost (o primo do nosso queijo-quente) e dos variados kebabs. 
Na primeira vez, minha mãe ficou curiosa de ver tanta gente tomando o conteúdo daquele potinho e pediu durante nosso vôo Istambul-Nevsehir e eu tomei achando que era iogurte docinho, porque todo mundo tomava enquanto fazia as refeições, como se fosse um suquinho de laranja. Não era docinho, não. Parecia uma coalhada aguada.
Na segunda vez, me foi oferecido junto com um tost, e, pra não fazer desfeita, tive que tomar. Minha mãe me fez o desfavor de ler que havia sal nos ingredientes, e aí pedi arrego e parei de tomar. Porque sério mesmo, quem toma bebida salgada????

2. Döner dürüm - É um wrap de carneiro assado com tomate, batata frita, alface e pimenta em um pão-folha conhecido como dürüm, vendido em vários büfes (fast-foods turcos) pela cidade. Na Europa, e até mesmo em alguns lugares aqui no Brasil, é conhecido só como döner ou como kebab. Dizem que o ayran é um ótimo acompanhamento para esse wrap (mas há controvérsias).





3.  Raki - raki é um licor derivado da uva e com sabor de anis, semelhante a outras bebidas como o árabe arak e o grego ouzo. É considerada a bebida nacional da Turquia e é, às vezes, chamada a "leite de leão"porque, quando a água é adicionada, a mistura fica com uma cor esbranquiçada. A maioria é bastante alcoólica (40% a 45% de álcool) e portanto, é normalmente diluído em água fria ou gelada.
Tive várias chances de experimentar o raki mas não consegui. A Turkish Airlines serve até durante o vôo. Primeiro porque me pareceu muito doce e depois porque sempre me disseram que é muito alcoólico e álcool + açúcar pra mim não é lá uma combinação muito benta. Eu já tinha provado um licor de anis na Itália, em La Spezia, na Ligúria, onde eles tomam muito esse tipo de licor, e doía até o dente de tão doce. Tanto que se botava grãos de café dentro para suavizar o gosto.
Mas eu experimentei um ouzo de café na Grécia, e era bom. Bem doce. Eu também trouxe um ouzo vermelho bonito pro meu namorado mas eu duvido que ele algum dia vá abrir a garrafa....

Enfim, alguém experimente o raki na Turquia e me diga se eu perdi muito.

4. Simit - Simit é uma rosquinha salpicada de sementes de Sésamo, tipo um bagel. Tem milhões de carrocinhas listradas de branco e vermelho vendendo simit. No começo, ficamos em dúvida sobre se ele era salgado ou doce, mas descobrimos que é salgado mesmo, e é bem gostoso. Comemos um no barquinho durante nossa aventura para a Vila no Fim do Mundo, que foi a abertura do nosso vídeo de reclamação sobre o Banco do Brasil, abaixo:




5. Elma Çay - Meus amigos e minhas amigas. O tal do Elma Çay mudou nossas vidas. Trata-se do chá de maçã. Toda vez que você entrar em qualquer estabelecimento que seja, da agência de turismo à banquinha de pashmina no Gran Bazaar, o turco que está lá vai perguntar se você aceita alguma coisa, de preferência um çay, que ou é o chá preto tradicional deles, ou o apple tea. O chá preto é um chá preto qualquer.
Já o chá de maçã é MÁGICO. Não é um chazinho de saquinho. Eles servem um chá instantâneo já adoçado. É claro que ainda dão mais uns 2 cubinhos de açúcar, porque turco quer matar todo mundo de hiperglicemia.
No Grand Bazaar, pra onde quer que você olhe, há um turco carregando uma bandejinha cheia de copos de çay.
Eu nem sei se esses chás têm controle de qualidade, parece uma parada meio paraguaia-árabe, mas vendem-se aos montes, caixas e mais caixas, em qualquer lugar, do mesmo jeito que as caixas de lokum.
Normalmente eles servem o de maçã verde, mas há de maçã vermelha e de maçã vermelha e verde misturadas, tudo ao gosto do freguês.
Compramos 2 caixas de 500 gramas mas já estamos pensando O QUE FAZER quando essas caixas acabarem.
Mermão, fica ligado. Aquele pozinho tem dorgas viciantes.

O chá mágico vem nessas caixinhas


6. Castanhas Assadas - As castanhas portuguesas assadas também são encontradas em qualquer lugar, principalmente em frente à Mesquita Azul ou à Hagia Sophia, em carrinhos listrados de vermelho e branco como os do simit. Como eu já tinha comido muitas quando morei na Itália, dessa vez eu não comi castanhas, principalmente porque elas são muito gordurosas. Mas comer um saquinho de castanhas é totalmente chic-inverno-europeu!


7. Café turco (türk kahvesi) - A primeira vez que tomei café turco foi, claro, na Embaixada. É um café bem preto com uma espuminha com bolhinhas coloridas. Confesso que pensei que fosse cremoso. Não, na verdade ele é só forte mesmo, muito forte. Estranhei muito porque o pozinho fica boiando no líquido, e sou meio fresca com sólidos na minha bebida. Quando acabei, tinha minha primeira borra de café no fundo da xícara, que virei no pires e esperei que a mãe do embaixador me lesse para dizer minha sorte. Como tinha que esperar a borra assentar, fui embora trabalhar e acabou que a única que sabe minha sorte até hoje é a mãe do embaixador.
O café turco é uma parte intrínseca da cultura turca. Dizem que é um ótimo digestivo para refeições pesadas. É tomado normalmente com a família ou amigos. Pode ser servido sade (sem açúcar), orta (médio) ou şekerli (açucarado).
O café turco representa um estilo único de torrar, moer, servir e beber café. Ele é servido em fincans, que são as delicadas xícaras de café turco e tradicionalmente feito em cezves, um pote de cobre com formato de sino.
Quando você termina o seu café, atenção, NÃO SE COME A BORRA! Eu já vi diplomatas fazendo isso. A borra, a gente deixa na xícara ou vira no pires se der a sorte de ter alguém que lê borra de café por perto.


8. Mexilhões recheados (midiye dolma) - Na hora que eu vi, eu salivei. Eu adoro ostra e essas coisas, e pensei que eles serviam como se faz na praia; abre a ostrinha, mata ela com limão e engole.
Só fui descobrir que não era isso quando o senhor do mexilhão recheado me deu de comer na boquinha (aparentemente é esse o costume lá): são conchas de mexilhão recheadas com mexilhão, arroz, molho, e, surpreeesa; pimenta do reino. Depois ele esguicha um montão de limão (que eu adoooooooro em qualquer coisa) e chucha na sua boca.
Depois de fazer aquela minha cara indefectível de DAMN HOT, o que aconteceu em 99% das vezes em que eu comia alguma coisa na Turquia, eu deixei minha queimação pra lá e fui e pedi outra. Depois, ele chuchou uns mexilhões na boca da minha irmã e todo mundo saiu de lá feliz cheio de pimenta na boca.
Esses aí eu comi no Balik Pazari, o Mercado de Peixe, que tem acesso pela Istiklal Caddesi, a rua das compras. Mas também vi em vários outros lugares pela Turquia inteira.
Fiquei me questionando da salubridade de comer mexilhões com arroz num mexidão preparado sei lá quando, em que condições, mas né, a gente toma mate de barril na praia.

O sr. dos mexilhões, logo após chuchar sua iguaria goela da Rachel abaixo

9. Sucuklu tost - Como eu disse anteriormente, a tost turca equivale ao nosso queijo-quente. Adicionando umas fatias de outro clássico turco, o sucuk, que é uma salsicha apimentada (não me diga), você faz o sucuklu tost!
Na ocasião em que me serviram ayran pela segunda vez, mais especificamente no escritório do Sr. Faik, o homem que salvou nossa vida em Marmaris, e sobre o qual falarei mais a frente, ele serviu também um desse sucuklu tost para cada uma de nós. Era um misto quente com anabolizante, enooorme e super recheado, e valeu como almoço e parte do jantar (sem brincadeira!). Muito bom para pessoas com fome. Claro que, a esse ponto, eu já não me importava se a parada ia ter pimenta ou não, porque certamente a resposta ia ser sim, então MANDA PRA DENTRO PIMENTA E COALHADA SALGADA! 

Embasbacadas com a gentileza do mr. Faik e com o tamanho do tost
(meu ayran tava ali do lado do saco plástico)

10. Lokuns - Eu sei que lokuns e baklavas não são exatamente comida de rua. Mas, em qualquer lugar que você ande, você encontra uma barraquinha vendendo caixas de lokum ou uma loja de doces vendendo lokuns artesanais. As barraquinhas normalmente vendem aquelas caixas paraguaias tipo as do chá, e o sabor é meio enlatado. Esses artesanais são muito mais gostosos e fresquinhos.
Lokum, conhecido no Brasil como Delícia Turca, é uma sobremesa feita de maisena e açúcar. Tem geralmente sabor de rosas ou frutas e consistência de geleia. É normalmente coberto com açúcar de confeiteiro ou coco ralado.
No Bazar de Especiarias, compramos alguns lokuns feitos de mel, que descobri serem muito mais gostosos do que os de açúcar. Compramos uns só de mel com pistache e uns de mel com sabor de romã com pistache. DE-LI-CI-O-SOS! Nos arrependemos de não ter trazido mais desses de mel. Recomendo comprar só desses!



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Gente, há muita comida de rua para aproveitar por lá, mas que não pus na lista senão não seria um TOP 10.
CONTUDO, vou quebrar o galho de vocês e botar outros off the list:
  • Há os pirulitos feitos na hora (osmanli macunu), uma meleca que o mocinho estica num pauzinho e você sai chupando. Sempre tem um monte desses na frente da Mesquita Azul na hora das rezas. Como eu sou diabética, eu preferi passar longe, porque aí já é abusar, né?



  • Tem o sorvete turco, o dondurma, que ficou famoso com o vídeo do turco fazendo o japinha de palhaço. E é assim mesmo, todos fazem a mesma coisa. O sorvete tem uma liga que permite que o sorveteiro brinque com ele e faça coisas que até o diabo duvida. Ele tem uma consistência muito estranha. Pra mim, decidi que deve ser a mesma coisa que lamber uma água-viva!!! Mas vale comprar o sorvete só pela performance do sorveteiro.


  • Suco de romã - Em vários lugares pelas ruas, tem essas barraquinhas onde eles fazem sucos de romã, grapefruit ou laranja, espremidos na hora. Romã é uma fruta super exótica pra nós, brasileiros, e eu não sabia ser possível extrair suco de uma fruta que tem mais semente que parte suculenta. E não é que é uma delícia? Precisam-se de umas 2 romãs para fazer o suco, mas ele sai. É azedinho e vai apetecer a quem gosta de  sucos assim, tipo graviola.

terça-feira, 3 de maio de 2011

E o dinheiro, como levar??

Sou meio antiga nessa questão e, pra mim, dinheiro é dinheiro mesmo quando se trata de carregar um pouco mais do que estou acostumada .

Como não sabíamos o que iríamos encontrar por lá (iríamos viajar de ônibus, alugar carro, ter que parar na estrada?) optei por levar uma parte em espécie e a outra de modo ainda a estudar.

Já tinha uma experiência boa com o cartão Visa Travel Money, do Banco Rendimento. Já havíamos usado em outras viagens e fiquei muito satisfeita.

Para quem não sabe, Visa Travel Money é um cartão de compras à debito em uma moeda que você escolhe (Euro ou Dolar) e, todas as vezes que você faz compras, elas são convertidas da moeda do país em que você está para o valor equivalente na moeda que você escolheu (Euro ou Dolar). Não há taxas para as compras efetuadas com o cartão. No caso de saques, que podem ser feitos em terminais de qualquer caixa eletrônico dos bancos (ATMs) que tenham a mesma bandeira do seu cartão (tem escrito atrás do cartão, tipo "Plus", "Cirrus", entre outros), você paga 2,50 "dinheiros" (Euro ou Dolar) por saque, debitados do seu saldo. Prático!!

A opção da emissão de um cartão Visa Eletron só para débito em conta corrente foi inviabilizada pelo tempo que demandaria para chegar o cartão.

Com o aumento do IOF das compras em cartão de crédito no exterior, mesmo com a cobrança prevista para começar no dia 28 de abril, achei meio temerário arriscar e ter que pagar impostos tão altos (não confiei muito na conversa do Governo).

Descobri que o Banco do Brasil havia aderido ao cartão Visa Travel Money e, como correntista, achei que seria mais prático levar o cartão emitido por ele. Mas me enganei: por ainda ser uma novidade para eles, o pessoal do câmbio tinha poucas explicações a fornecer e tive ainda o problema do "formulário" que precisava ser preenchido e que "estava em falta". Precisei rodar várias agências de câmbio do Banco para conseguir tal formulário até descobrir que se tratava de um papel onde você colocava o número de sua agência e conta e marcava qual a moeda que desejava comprar.

Também não fiquei satisfeita com o extrato de compras: no do Banco Rendimento é apresentado o estabelecimento no qual você fez as compras, o valor em moeda local e o valor convertido na moeda escolhida. No caso do Banco do Brasil, veio apenas o nome do estabelecimento (eu não entendia turco!!) e o valor já convertido em dolares. Ficou meio confuso pois não conseguia identificar as compras.

Outra desvantagem do Banco do Brasil é a de não poder aproveitar o saldo remanescente em compras nacionais, o que acontece com o do Rendimento: vai ter que gastar tudo lá ou, no máximo, no Free Shop de chegada...

Façam, então, suas escolhas!!!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um pouco de história e algumas observações

Panorâmica de Istambul. Clica aqui que aumenta!
Istambul é um palimpsesto*. 

Já foi Bizâncio, até 330 d.C e já foi Constantinopla, até 1453, quando se rendeu ao exército do sultão otomano Mehmet II e se passou a chamar Istambul. Até hoje é chamada por esse último nome em alguns países, como a Grécia (Κωνσταντινούπολις, Konstantinoúpolis). 


Mapa de Constantinopla

Mehmet II invadindo Constantinopla

Atualmente, embora a capital do país seja Ancara, Istambul continua sendo o principal polo industrial, comercial, cultural e universitário. É a sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, sede da Igreja Ortodoxa.

É a quinta maior cidade do mundo e a mais populosa da Europa. E a maior da Turquia, é claro.

Mas, para se falar de Turquia, primeiramente é necessário entender como se formou o país: 

O povo turco descende de tribos nômades da Ásia Central. Ao redor do século 10º, algumas dessas tribos, entre elas os seljúcidas, invadiram a Anatólia, que era governada pelos bizantinos. Em 1071, os bizantinos tentaram derrotar os seljúcidas, mas a batalha acabou eliminando a dominação bizantina na Ásia Menor. Isso resultou na formação de uma série de Estados islâmico-turcos, que viriam a se tornar parte do Império Turco.

Os seljúcidas, para consolidar seu poder, criaram relações comerciais com outros Estados, como Bizâncio, Chipre, Pisa, Veneza, Florença e Gênova, construíram pontes para facilitar o comércio e caravanserais para abrigar caravanas de camelos com mercadorias.

Caravanserai em Saruhan, Capadócia

A Grécia foi ocupada pelos turcos durante 4 séculos, fazendo parte do Império Otomano. Desse modo, até o começo do século XIX havia muitos gregos que viviam na Turquia e vice-versa.

O pai da república turca foi Mustafa Kemal, conhecido como Atatürk. O cara é um ídolo. O cara é uma entidade, uma divindade. Nunca vi um líder político com tanta aprovação em toda a História.

É Allah no céu e Atatürk também

Todos os estabelecimentos na Turquia têm uma foto dele. Aqui no Brasil, a gente tem notas de dinheiro com mico-leão-dourado, ararinha. Lá, só dá Atatürk. Todas as notas têm a cara dele. É uma veneração realmente espantosa.

Com as perdas da I Guerra Mundial e a ocupação de partes da Turquia por países como Reino Unido, França e Itália, o nacionalismo turco foi atiçado.

Após tropas gregas invadirem Izmir em 1919 e avançarem até Ancara, que viria a se tornar a capital, as ideias nacionalistas de Atatürk para a criação da república turca ganharam força.

Foi então que o Tratado de Lausanne (1923) definiu as fronteiras e os territórios do Estado turco. Como parte do acordo do paz, a Grécia e a Turquia fizeram a troca de suas populações. Cerca de 1.2 milhão de gregos que moravam na Turquia retornaram à Grécia e 450 mil turcos voltaram à Turquia.

De acordo com o nosso guia em Göreme, tanto os gregos que viviam lá e os turcos que viviam na Grécia tinham uma vida muito difícil na época da guerra, pois não podiam entrar para o exército; de outro modo eles seriam treinados exatamente para lutar contra seu próprio país. Para compensar esse impedimento, tanto o governo turco quanto o grego cobravam impostos muito altos para os gregos e turcos que não estavam em seu país de origem.

Atatürk admirava o estilo de vida europeu e suas ideias visavam a um Estado moderno e secular. Queria uma democracia multipartidária, com um partido de oposição. Ele adotou reformas radicais e pegou emprestado leis de outros países europeus. A escrita otomana foi substituída pelo alfabeto latino e adotou-se a nova língua turca.

Mudaram-se as regras de se vestir, por exemplo, não sendo necessário o uso obrigatório do véu, e foram adotados sobrenomes.
Em 1928, foi reconhecido o Estado secular assegurado por uma Constituição civil.

Considerando toda essa história, é fácil perceber o quão misturada é a cultura de modo geral na Turquia. Há influências bizantinas, romanas, gregas, islâmicas e ocidentais hoje em dia.

Istambul é uma cidade moderna e cosmopolita, que tem até uma forte cena gay. À medida em que se vai para o interior, é claro, a cultura é mais conservadora, mas nem por isso 3 mulheres viajando sozinhas correram qualquer perigo pelo país. Fomos muito bem recebidas.

Turcos são pessoas completamente hospitaleiras, simpáticas, que se sentem na liberdade de contar a vida inteira se você der dois dedos de prosa.

Conhecemos muita gente interessante com muita história que só achávamos que acontecia em filmes ou novelas. 

O que todo mundo me pergunta quando falo sobre a Turquia é: o machismo é opressivo? é perigoso para mulheres andarem por lá?

Não.

O machismo não é opressivo, apesar de notável. 
Mulheres muçulmanas, que usam véu e andam com seus maridos pelas ruas, claramente andam atrás deles, e normalmente carregam sacolas de compras enquanto eles têm as mãos vazias.

Hamams (banhos turcos) e salões de cabeleireiros têm partes separadas para homens e mulheres.

Não foi uma ou duas vezes que, ao descobrirem que era uma mãe e duas filhas viajando, perguntaram onde estava o papai, e ao ouvir a resposta de que "papai está em casa" (não era verdade; papai morreu), falavam que estávamos lá então viajando gastando o dinheiro do papai. 

É simples assim. Há que se entrar no jogo. Não são situações isoladas. São atitudes-padrão de qualquer homem comum com quem uma mulher venha a falar, não porque têm preconceito, mas porque cresceram dentro desse sistema.

Minha dica para mulheres que vão solteiras é: vão de aliança. Funciona como um campo de força e eles mudam automaticamente de assunto.

Tirando o assédio, que depois de alguns dias se torna meio maçante, eu não tenho reclamações sobre o povo turco, que me deixou até com raiva de brasileiros que prestam serviços a turistas, por exemplo em cidades como Natal ou Fortaleza, em que você é mal atendido, normalmente querem te passar a perna, e você sai do lugar achando que é um babaca.

Lá, te oferecem chá em qualquer estabelecimento, sentam você num banquinho, conversam sobre a vida, botam a loja abaixo mesmo que você não for levar nada, abaixam o preço e normalmente dão uma lembrancinha quando você vai embora.

Espécime exemplo da simpatia turca
A cultura, enfim, É diferente, mas né? Claro que, pra quem quer ficar em zona de conforto, é melhor ficar em casa.

FONTES: Guia Visual da Folha, Wikipedia e nosso guia turístico na Capadócia, Adem. =)

*Palimpsesto era uma prática utilizada na Idade Média em pergaminhos em que o texto era apagado para que o pergaminho fosse reutilizado. Na época, o papiro tinha um custo muito elevado.

Da Sucumbência à Cultura

Eu poderia dizer que, em vez de estar em Istambul, eu preferiria estar em Paris. Cheguei a mandar um email à minha mãe dizendo que essa viagem depunha contra minha elegância. De fato e, à princípio, Istambul é uma cidade feia e escura. Velha demais. Para contribuir ainda mais para o choque cultural de quem vive em Brasília, uma cidade de apenas 50 anos, o País, apesar de se dizer laico, é completamente Islâmico: as mulheres, em sua maioria cobertas dos pés à cabeça, as orações transmitidas em megafones a partir das 5 horas da manhã, as pessoas que param suas atividades para se ajoelharem em direção a Meca.

Mas, à medida que o roteiro prosseguia, que começávamos a nos confundir (e fundir) com aquela cultura milenar, que conhecíamos outras cidades, relevos jamais imaginados, paisagens que saltavam aos olhos, se não por beleza, por estranheza, como é o caso da Capadócia e suas formações vulcânicas, posso dizer que foi umas das viagens mais emocionantes de toda minha vida.

Aliado ao fato de estar na companhia de minhas duas filhas, a emoção de conhecer determinados lugares é indescritível, não dá mesmo pra contar: você tem que ESTAR no Anfiteatro de Aspendos, subir todos aqueles degraus pra se emocionar, você tem que PISAR no solo calcário de Pamukkale e sentir a água se tornando quente à medida que se aproxima da fonte, você tem que VER o azul do mediterrâneo Grego pra entender Caetano Veloso que canta (em outro contexto, mas que se aplica ao caso) "(...) naquele azul, quase inexistente, azul que não há...". Não dá apenas pra explicar!!

Por várias vezes tive vontade de chorar.

Nenhum arrependimento pelo cansaço, ao contrário, gostaria de ter tido mais disposição para poder acompanhar as meninas.

Mas foi de bom tamanho. Como diz a Nathalia, "there's no place like home".

Grécia, me aguarde novamente!!

Números da viagem

Depois de percorrer mais de 3.000 km pela Turquia, tirando os km até Rodes, posso dizer que a viagem foi intensa, exaustiva, mas, ao mesmo tempo, enriquecedora, interessante e prazerosa;

Ficamos em 7 cidades diferentes durante 19 dias de viagem;

Passamos por 2 locais onde antigamente estiveram algumas das 7 maravilhas do mundo antigo, agora só faltam 5;

Gastamos 6 horas para atravessar o Bósforo e voltar;

Creio que o recorde de bandeiras da Turquia pela paisagem em uma única foto tenha sido 8 (vou confirmar);

Tomávamos, em média, 3 elma çay (chá de maçã) por dia, o que nos deixou com um vício que será um problema resolver quando nosso estoque de chá acabar;

Entramos somente em 2 mesquitas, porque era muito difícil ficar descalça no frio;

Usei o mesmo casaco durante 19 dias (sem brincadeira);

Ofereceram 50 camelos para minha mãe me vender numa primeira vez, na segunda eu quase consegui 90;

Vimos 1 tabefe de mão cheia dado por um turco na namorada no meio da rua;

Devemos ter tirado algo em torno de 3.000 fotos;

Trouxemos, ao todo, 5 malas, 3 sacolas e uma mala de bordo, e NÃO PAGAMOS EXCESSO DE BAGAGEM!

Trouxemos, ao todo, 14 copos de çay dentro da mala, e nenhum foi quebrado!!!